quarta-feira, 9 de julho de 2008

Velhos Tempos

Ando com saudade
De amor de ilusão
De flertar na rua
De namorar em calçada
De me esfregar no portão
De minha mão fria e gelada
Pegada na sua mão
De ficar bem agarrada
Debaixo de um pé de açafrão

Ando com saudade
De usar sabão de côco
E cantar no banheiro
As mágoas do coração
De viajar por aí
Em boléia de caminhão
De ler jornal velho
Encontrado no lixão
De tomar banho nuinha
E nadar no riachão

Ando com saudade
De sorvete de abacate
Tingido com papel de seda
E com pinguinhos de limão
De café com leite molhando o pão
De homens bebendo pinga
E dando cuspidas no chão

Ando com saudade
De torresmo e rubacão
De comer de colher ou fazer capitão
De refresco de uva
Com gostinho de papelão
De ouvir lorota do povão
E de arma de fogo usada por valentão

Ando com saudade
Da fada madrinha
Que fazia meus desejos
Com sua varinha de condão
Da serenata que escutei
E vi pela brecha do janelão
Da sua voz desafinada
Acompanhando o violão
Da vontade de correr de camisola
Pra lhe dar um abração


Sol Pordeus

Nenhum comentário: